RIBEIRINHOS DO MAÚBA: VIDA SOCIAL E AMBIENTE NA AMAZÔNIA PARAENSE
DOI:
https://doi.org/10.18223/hiscult.v9i2.3017Resumen
Repleta de recursos naturais e grupos sociais complexos, a Amazônia possui uma identidade heterogênea e, ao mesmo tempo, singular. Marcada por processos socioeconômicos e culturais exógenos e endógenos à região, seus grupos sociais reproduzem-se a partir de uma relação sui generis com o meio material e social. Entre estes grupos encontram-se os ribeirinhos, grupos sociais haliêuticos cujo modo de vida assenta-se no tripé rio-casa-mato. Tais grupos, com suas bricolagens e hibridismos, vivem entre a tradição e a modernidade, tendo recebido, ao longo da história, diversos nomes como tapuios, caboclos, ribeirinhos, populações tradicionais, dentre outros. Este artigo chama atenção, a partir de um caso etnográfico – dos habitantes das margens do Igarapé Acaputeua, afluente do Rio Maúba, em Igarapé-Miri –, para essa categoria social da Amazônia paraense que, ao mesmo tempo em que não se confunde com outras categorias como a dos camponeses, apresenta relações sociais tão complexas quanto estas.Citas
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