EUCLIDIANISMO, AGENDA CÍVICO-LETRADA E A CATEGORIA DE SERTÃO EM TRÂNSITO: O CASO DO CCEC (MEADOS DO SÉCULO XX)

Autores

  • Caroline Aparecida Guebert Programa de Pós-graduação em História - Centro de Filosofia e Ciências Humanas - UFSC - Universidade Federal de Santa Cataria.

DOI:

https://doi.org/10.18223/hiscult.v9i1.3112

Resumo

Este artigo se propõe a pensar historicamente uma agenda cívico-letrada que existiu nos anos 1940 e 1950, vinculada ao fenômeno do Euclidianismo, na qual o sertão se tornou um foro de brasilidade, implicado em usos e disputas simbólicas. A partir da produção do Centro Cultural Euclides da Cunha (CCEC), instituição radicada no Paraná, pode-se vislumbrar uma definição de “Brasil profundo” que circulou e que era alimentada por certas práticas celebrativas dos “euclidianos”, comuns em circuitos sociais mais amplos das elites. Dialogando com as proposições sociológicas de Bernard Lahire, busca-se, a partir da categoria tensionada e celebrada de sertão, mapear afinidades dos repertórios nacionalistas com tais práticas de escrita.

Biografia do Autor

Caroline Aparecida Guebert, Programa de Pós-graduação em História - Centro de Filosofia e Ciências Humanas - UFSC - Universidade Federal de Santa Cataria.

Historiadora (UEPG), Mestre em História (UFPR), Bolsista de Mestrado CNpq, Doutoranda – Programa de Pós-graduação em História - Centro de Filosofia e Ciências Humanas - UFSC - Universidade Federal de Santa Cataria e atual Bolsista CAPES

 

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Publicado

2020-07-06