Sertão Monumental: considerações sobre a atribuição de valor de testemunho histórico

Autores

  • Daniel Barreto Lopes Grupo de Estudos e Pesquisa em Patrimônio e Memória-GEPPM

DOI:

https://doi.org/10.18223/hiscult.v9i1.3081

Resumo

O presente artigo pretende abordar o poder simbólico da palavra monumento mediante a discussão sobre a atribuição de valor de testemunho histórico, narrativas que se organizam em torno da construção de uma simbologia “heroica” do processo histórico da interiorização nos diversos sertões do Brasil. Monumentos referentes ao vaqueiro nordestino, ao garimpeiro de Cristalina-GO, aos bandeirantes paulistas, aos candangos, ao gaúcho, aos diversos monumentos de tropeiros espalhados por cidades brasileiras de Minas Gerais a Santa Catarina, possuem uma semântica onde se delineia uma determinada concepção de patrimônio. A quem se dirige a iconografia inscrita nesses monumentos? Tais monumentos, representações culturais seletivas de memória, testemunham um passado sem lacunas, intercambiáveis em consonância com ressemantizações contemporâneas.

Biografia do Autor

Daniel Barreto Lopes, Grupo de Estudos e Pesquisa em Patrimônio e Memória-GEPPM

Graduado em História pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2016) e Mestre em Preservação do
Patrimônio Cultural-PEP/MP/IPHAN (2019). Atualmente participa de elaboração de atividades de pesquisa em
História e Patrimônio Cultural no Grupo de Estudo e Pesquisa em Patrimônio e Memória-GEPPM-UFC.

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Publicado

2020-07-06